sábado, 18 de outubro de 2008

Por encanto

Toca-me entre dois pulsos

enquanto ainda respiro

que a carne é matéria fugaz

e se desfaz no infinito.


Dá-me enquanto inda há tempo

pra olhos e toques de mãos

para voar contra o vento

e correr sem direção.


Isso-me enquanto aquilo

mata-me enquanto estou vivo.



Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

A estrela e o fio de luz

Escondi uma estrela atrás de um fio de luz.

Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves


Postagem original

Convidado - Flaming

Postando aí as obras de convidados, inicio com um poemo gentilmente cedido pelo Flaming, uma figura misteriosa que há anos publica seus textos na internet, tendo já faturado uma ou outra rapariga por conta desse seu hábito tão salutar.


O CADÁVER

Ouço um grito que ecoa por toda a cidade
grito de horror que desperta em mim curiosidade

próximo da janela ouço
agora um intervalo
e depois mais outro

foi ali perto
que desespero
que será que tá acontecendo?
será coisa de alma penada?
será coisa da minha mente?
que aflige tal criatura?
viva ou morta
que será que me puxa até a porta?

giro a maçaneta
e algo me paralisa
alguém com um corte na barriga
alguém com roupas minhas
com minha coragem estampada no rosto
meu mesmo olhar oblíquo e curioso
e abaixo vejo expostas suas vísceras

horror seria se não começo a compreender o fato
vendo aquele corpo sem vida, sou eu ali deitado.

domingo, 5 de outubro de 2008

Shibumi


E serei

como a sombra que assombra,

como anta que espanta,

como a água que espalha.


Lamentando intensamente

a eterna dor de desviver.


Vasilho.

Vasilho da Gama,

Vasilho dos Dias,

Vasilho da Luz.


Vasilho.

Sobrenome, trocadilho;

rima na escuridão.


Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

Profecias sobre o passado



As pessoas vivem cercadas de belos dejetos. Elas se amam e amam umas as outras, mas como manda a moral e os bons costumes, uma de cada vez.

Olhos nos olhos, nenhuma palavra. Me envolva menina, que eu deixo. Enquanto isso, no açougue, a fila anda. Escreveu, não leu, o sabonete caiu, o pau comeu.

Não se pode confiar em mais ninguém nessa vida, chuchu, e é por isso que eu tenho um pé atrás. E outro na frente. Sempre.

Confie ne mim baby, eu vou fazer funcionar. Mecânica é a conversa do mecânico. As vezes tenho vergonha de ser bobão assim, mas dizem que isso é coisa que só acontece com quem tem sentimentos.
Eu me deito, e recordando da época em que nunca errava, me pergunto quando e porque os adquiri.

Conforme o tempo passou, e os vícios ganharam terreno, e os corpos se amontoaram a seus pés, nosso herói solar de número três balançou a mão com um muxoxo. Tudo que era capaz em termos de remorso. A seguir, olhos relampeando como no gibi, seus músculos retesados moeram a próxima vítima. De nada, tudo de novo.

É desse jeito, vocês gostam assim, uhum? Pois é, eu gosto do outro, e quem quiser mais desse, vai ter que agüentar três por um. Que tal que eu fosse ruim, e competisse de verdade só pra ver os números se multiplicarem, já imaginou?

Quando a gravidade se unir ao eletromagnetismo, e o maior for igual ao menor, os mundos se partirão em estilhaços, e em cada um deles, lá estarei eu, código genético do universo. Observar-me-ei em microscópios, e só enxergarei minha nuca. E mexerei minha mão esquerda, e em cada milhão de bilhão de trilhão de estilhaço, mexerei minha mão esquerda.

Nem eu não tenho honra, nem não tenho moral. Minh'arma não é minh'alma, e sim um pedaço de pau.

Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves