sábado, 23 de agosto de 2008

Boy



Você é boy,

porque tem pinto,

eu ouvi,

piu de pinto.


Punk que é punk dá o cu,

porque é viado,

meninas são viado.



Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves



Acerto de contas

À besta humana, forte como o quis o destino, coube um desejo de vingança, ao cabo do qual, o preço ser-lhe-ia cobrado em dobro.

Assim sendo, seus desafetos receberam o castigo de atropelamento, posto a besta saber-se capaz de resistir a dois baques consecutivos, conquanto aqueles não resistissem a meio.

Cem mortes depois, foi ele também esmigalhado por uma procissão de duzentos carros fúnebres, uma vez que o mesmo destino o quisera pouco imaginativo e ruim de matemática.

Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

Postagen original

domingo, 17 de agosto de 2008

Hai-quases

Céu de lamparina

sobre ardor de joalheiro

inscreve hai-quases.





Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

DEUS É DERROTISTA

Deus é derrotista.
Porque o tempo me derrota.
Porque a morte, sobretudo, me derrota.
Por isso sou derrotista.
Cada desejo meu, insatisfeito, é derrota.
E a cada microssegundo de insatisfação,
a derrota é maior.
E tudo é desejo e tempo.
Ainda no útero estava derrotado.
Tinha fome, e fome é dor.
Momentaneamente aliviada, mas nunca cessada.
Ao aliviar da dor, chamam "prazer"!
E o máximo de prazer a que chegamos,
é um súbito momento de inconsciência,
em que a dor é ignorada,
mas por tão pouco tempo,
que chego a duvidar que o momento existiu.
E isso aumenta o desejo,
a insatisfação,
a dor eterna,
e,
portanto,
a derrota.
E respiro.
Para sustentar e manter uma carcaça imperfeita,
que me dá a medida do universo,
sou um viciado em ar.
E
mesmo que tempo e espaço sejam vencidos,
e meus desejos sejam satisfeitos antes de existirem,
e eu viva numa cândida inconsciência,
morrerei.
E morto, farei parte de outros seres,
dolorosamente vivos.
E, caso vença a morte,
e o tempo,
e o espaço,
e os desejos,
ainda mais derrotado serei.
Serei Deus.
E Deus é um grande perdedor.
O perdedor que originou o mundo de perdição em que me encontro.
Derrotista mor, derrotista por excelência.
Derrotista porque derrotado,
e derrotado porque entediado.
Então joga dados, pois não tem nada a perder.
E joga sozinho.
ELE,
que tudo sabe, sabe que está derrotado,
e ri dos que O idolatram.
ELE,
que perfeito a exceção da consciência,
sabe que deveria dormir,
mas não pode.
ELE, que quer voltar a ser micróbio,
que quer sentir dor,
pois sentir é melhor que entediar.
E dorme, e acorda.
E enquanto dormia estava acordado,
e quando acordado,
dormia...
E pensa: -Diabos!
E Diabos se fazem.
E seus sonhos são reais,
e suas realidades são sonhos.
E sonha ser mais do que é.
E é.
E deseja acabar com tudo,
mas já estava tudo acabado.
Então nunca houve um tudo.
Nem nunca houve o desejo.
Acaso ELE se lembra que tudo se desfez?
Claro!
DEUSPAIFILHOESPÍRITOSANTO,
santíssima infinidade infinitesimal ao quadrado do
cubo da raiz do logaritmo do número negativo
de cálculo impossível se vê de cima,
e é mestre de todas as possibilidades.
E ri, pois não pode desfazer nada.
E chora, pois pode tudo.
E pensa estar louco.
Porque Deus é o Diabo.
E se alguém diz:
-Ei Deus! Pare de se masturbar,
a heroína já comeu o seu cérebro!
Saia daí, que eu faço tudo muito melhor!
Ele responde:
-Vai tomar no cu! Você nem existe.
Fique na fila, e espere a sua vez,
que foi assim que eu cheguei aqui.

Paulo eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

Postagem original acá

domingo, 10 de agosto de 2008

Há pressa

É que eu me apresso

e na pressa apresso as coisas,

podo relações e coitos

antes de enfrutificar.


É que eu me apresso

e depressa perco o apreço,

esqueço que o início é só o começo

e o fim das contas conta também.


Se assim que o tempo passa

o que passou tá passado,

curtas relações e coitos

curta vida,

cortes banais.


Pois se acaso não há pressa

o mundo nos prega a peça

cerrando-nos as cortinas

sobre o palco da existência.


Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

Erotismo vulgar

É sempre uma mulher. Vizinha, colega de trabalho, as vezes parente. Olhando sempre, um dia acaba vendo. Coxa, seio, bunda... alguma coisa vê. Sempre vê. Tem que ver pra ter como rolar.

E um dia rola, né? Tem que rolar, pois se trata de uma história erótica. E agarra, e aperta e enfia os dedos, a língua, e a boca. E os dedos na língua, e a língua na boca e todos os acompanhamentos tradicionais.

E no auge do pico do cume, ela conta. Conta que fez por querer, que mostrou e mostrará de novo, e mostraria mesmo que não desse em nada.Vagabunda! Cadela vadia e puta!

E: - Me fode! Me rasga!


E picas flamejantes e grutinhas molhadinhas até pela porta dos fundos...


Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

Postagem original

domingo, 3 de agosto de 2008

Clichê

Amor?
Recorrente.

Dor?
Recorrente.

Amor à dor!
Recorrente...

Amor ao amor de amar a dor.
Réco-réco-rente.

Amor à dor de ser um fingidor que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.
Recorrente.
Mente.


Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

Sinopse: O Patriota

Sinopse: O Patriota
ou
Peça de teatro sobre um roteiro de filme ou novela


Que bonito que beleza. O senso estético de luz e cor e lindeza do filme arrebata o espectador desatento, lambuzando de sincronicidade o anacronismo alheio.

Bebi pipoca. Vertendo valores virtuosos por todos os poros, Mel Gibson encarna tudo de bom neste papel antológico. Que Zóios zazuis! Tudo de zazul é um máximo, e ainda tem todos os ingredientes não só necessários como obrigatórios com que um filme deve contar para ser um sucesso muito visto ao redor do globo por todo mundo que se preze e queira ter o que falar.

Um exemplo de como todos devemos ser apesar de não o podermos, mas ah! se eu tivesse vivido naquela época lá! Ia tocar um horror tão grande, mas tão grande, matar tanta, mas tanta gente, tudo em nome da paz e da família e dos princípios gerais da convivência entre nacionalistas cristãos.

Com maestria é demonstrado o perigo das ameaças internacionais. Como elas vem e vão e vamos nós, mas não o original. Bom mesmo é ser criança e eu tenho uma teoria.
Segundo Ato

Romulado entra na sala, gospe em Adisalém bem alto e esbraveja:

- Cadê a minha farofa?

Assustada, (close no susto) ela responde:
- Comi...

Entre um arroto e dois peidos, Romulado tropeça e resolve dormir sobre seu próprio vômito.

Enquanto isso, no cenário da casa grande, existe um homem desconhecido, mascarado e de roupa preta, que caminha entredentes.

Gemidos, gemiiiiiiiidos. Claque-claque de panelas, e mais coisas que não se pode descrever.

Terceiro ato

Romulado corre pela floresta, enquanto uivos se fazem ouvir. Muitos outros sons e excesso de informações sensoriais, para passar a idéia de confusão mental.

A certa altura, imaginando-se morto, pára e grita:

- Não fui eu! Não fui eu!

Mas é tarde... As forças das trevas acabaram de alcançá-lo... (gritos de extrema agonia, felizmente inaudíveis).

E é por isso tudo que devemos nos restringir às sempre sempre iguais Historinhas.

Frase final, fecha o croquete.

Observações: Deve haver um narrador para o texto simultâneo.
Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves