domingo, 13 de fevereiro de 2011

Umbigolatria

Chove sobre minha cara,

posto que não sou pateta, alarmoso nem covarde

para que se me cubra a face frente a nuvens de algodão.


Chove sobre minha alma,

pois que não sou violento, grosseiro ou tampouco tolo

para desfraldar bandeiras em terrenos de imaginação.


Chove sobre Santiago.

Foda-se.



Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Panacéia II

Preso no quarto escuro, junto a uma sucessão infindável de considerações e lembranças desagradáveis.

Talvez seja apenas a noite, madura demais para desejos tão infantis. Talvez seja algo mais perigoso, e o vazio em meu interior seja um pálido reflexo do infinito vácuo exterior, uivando e gemendo sua pressa em consumir-me junto a tudo o mais.

É uma noite moderna, e há tempos o neon e o cabeamento por fibra ótica varrerram da realidade as ameaças das sombras correndo pelas paredes nuas. No entanto, a despeito do que assegurem mil diferentes religiões, ciências ou psicologias, não posso deixar de preocupar-me com aquilo que sinto.

Dor, fome, medo, fúria. Deus queira o telefone ligue o motoboy que me traga com urgência duas caixas de alívio imediato, antes que meu peito exploda e reverbere com o vento, doses do mais puro e refinado sentimento.


Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves