quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sonhos d'espadaria

Os sonhos são tolos
crivados de balas
abertos na faca,
contundentes e incisivos
como cacos de garrafa;
os sonhos são meus.

Os sonhos são planos
amorfos
insanos
triturados sob o peso do tempo que dispara
são pó
de pirlimpimpim.

Os sonhos são doces
com gosto de sangue
o velho
o ferido
o jovem
perdido
no olhar do predador.

O sonho é aquilo
que mantém-se vivo

no silêncio,
na friagem,
na total escuridão.


Paulo Eduardo de Freitas Maciel de souza y Gonçalves

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Bizorra

Soube que seguramente teria uma vida breve, acabada na fulgurante desgraça dalguma calamidade individual ou coletiva quando surpreendeu-se imaginando as vantagens de envelhecer.


Mais um pouco e teria filhos, gastando a alma e tornando-se visível aos olhos cobiçosos de uma miríade de egos infláveis, ao amálgama indistinto de todas as consciências tortuosas que julgavam-se abençoadas pela maldição de não morrer.


E na consideração da plausibilidade da insanidade a tanto tempo impingida foi que descobriu-se comum e medíocre, bem de acordo com a regra implícita que impõe ao loco que é loco que não o admita.


Assim, num universo de indescritível pequenez, alcançou a proeza de tornar-se no super-inseto bizorra, que lê o futuro de trás pra diante e age de cor e salteado na esperança de, através da média aritmética, manter os cantos de seu mundinho nos devidos ângulos de 90º.


Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves