domingo, 23 de dezembro de 2012

Os arquivos Rasputin: Um negócio dos infernos


Chipo Schneider teve um sonho com fogo e mulheres afogadas. Então saiu pelo castelo a descobrir câmaras secretas e uma história que abalaria a região: o grande incêndio que se abatera sobre a vila em fins do séc. XIX fora na verdade obra de Suzy Psicopatinha, que achou um jeito de unir num mesmo evento seu amor pela fotografia e seu ódio pelos habitantes do vilarejo.

As fotografias macabras e todas as provas do crime encontravam-se em uma cripta hermética, guardadas por uma sociedade secreta dedicada a provar a inexistência de bobagens parapsicológicas através da falsificação e reprodução de crimes sobrenaturais.

Só então, observando os detalhes da decoração e as próprias mãos, foi que Schneider entendeu: estava nos anos 50, em plena viagem astral, revivendo os últimos momentos de Lily Rosembaum, sensitiva assassinada pela seita para não revelar suas descobertas, dada como morta em um conflito paranormal. Isso explicava os sonhos com água. Não eram parte da trama do castelo, mas sim um pedido de socorro por parte dos espíritos dos marinheiros de um galeão espanhol amaldiçoado por uma bruxaria encontrada nos destroços de um velho navio viking saqueado há séculos, a qual era parte do destino de Lily desvendar.

Com seu assassinato, as energias residuais de seu espírito atormentado procuraram por décadas alguém de capacidade equivalente para resolver sua situação, e era a premência desta agonia que se manifestava através dos sonhos com água.

Ao acordar à escrivaninha do escritório, Scheneider tomou o telefone e disse à secretária que comunicasse ao sobrenatural que estava assoberbado e recusando casos intrincados como o que lhe fora exposto esta tarde, mas que lhes recomendasse o nome de Jack Palanhengo, médium competente e módico nos preços.

“Prevejo que esse caso ainda vai acabar levando Jack pro inferno” – pensou sorridente, sem atentar para a visagem que lhe implantava escutas em pleno cérebro…

Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Quero-quero


Quero o que quero
na hora que quero,
do jeito que quero,
sempre que quero.

Não ter o que quero
na hora que quero,
do jeito que quero,
sempre que quero

É o que menos quero.

Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Fundação Roquete Fogo


E os homens
em tresloucada foguetologia
sobrevivem ao próprio tempo
à custa de outros corpos.

E nos momentos mais vivos
carregam junto consigo
a impressão de estarem mortos.

Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves