domingo, 12 de abril de 2009

Meias, verdades

Uma das grandes verdades do universo como o conhecemos é que o tempo passa. Outra, é que o mundo gira. Física ou literariamente falando, as implicações e conseqüências de cada um desses conceitos, isoladamente, já são suficientes para sustentar uma infinidade de teses e concepções sobre a realidade.
Quando unidos então, quem pode sequer imaginar quais, dentre as infinitas variáveis daí surgidas, será aquela que efetivamente ditará o destino de um ser humano? Em um dado momento, lá estava eu, uns nove ou dez anos de idade, deitando ao solo num acesso de fúria o colega de classe atrevido que me impedia com suas micagens a visão dos “problemas” de matemática deixados no quadro pela professora que momentaneamente se ausentara.
Mas eis que o tempo passa e, numa girada de mundo, o mesmo menino que outrora lançara mão da violência para resolver seus “problemas”, torna-se um adolescente pacífico, quase búdico em sua firme resolução de evitar conflitos físicos. Mesmo que toda a matemática do mundo se exploda. Alguma moral cristã negligentemente inculcada em um jovem e indefeso subconsciente durante as aulas de catequese nas masmorras da paróquia local; além de posteriores entreveros a imprimir diversas solas de Nikes e Adidas tanto em minha blusa, quanto em minha alma; encarregaram-se de operar tão drástica transformação de caráter.
Outros efeitos são mais prosaicos, caso se admitam variações quanto ao grau de importância das coisas em um mundo onde tudo é carbono e vácuo. Àquele que ontem era ridicularizado por comer em dois pratos – a carne separada dos demais alimentos – bastou um deslocamento de alguns quilômetros para o norte para encontrar-se em uma localidade onde o cúmulo da chiqueza reside neste singelo comportamento há tanto tempo cultivado.
Mas como seria impossível sentir as alterações sem a existência das permanências, alguns olhares de reprovação certamente poderão ser percebidos quando de sua ida até a mesa vizinha em busca das batatas fritas remanescentes da refeição de um outro cliente.
Nada que algumas notas de dinheiro legítimo, um certificado de boa índole reconhecido pelo MEC e/ou uma carteirinha de perturbado com as mensalidades em dia não possam resolver satisfatoriamente.
Distrações, enquanto não nos damos conta de que o que o futuro nos reserva é nosso próprio passado.
Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

13 comentários:

Unknown disse...

essa foi massa...blog da hora...

vlw!!

Wander Veroni Maia disse...

Muito bom o seu relato. A vida das voltas mesmo. Uma hora estamos por baixo, outras por cima.

Abraço

Anônimo disse...

mtos mudam da infancia para a adolescencia com outra personalidade mesmo...como vc disse, do violento para o pacifico,
vc escreve bem parabens

marcos leite disse...

obrigado pela visita,volte sempre!


tenha uma linda pascoa!

Flávia Campos disse...

Pois é, assim como a lógica de que o mundo gira, as pessoas mudam, e muuuuuito!!
Tenho provas disso na minha realidade!

Andressa m disse...

com essa carteirinha paga meia no cinema????

Unknown disse...

Forte, autêntico. Muito bom de ler!

Anônimo disse...

Realmente o mundo dá muitas voltas e não é diferente p/ ninguém, queles que estão por cima, uma hora estão por baixo!
Beijinhos de Rozangela Melo
Se quiser retribuir a visita, fique àvontade!!!
Fazemos cinema amador
Visite nosso blog
http://cgfilmpictures.blogspot.com

Leo Pinheiro disse...

Se o mundo dá voltas rápidas, imagine as comunidades de divulgação de blogs! rs

Elton D'Souza disse...

Como diria o CPM22, o mundo dá voltas...

jakared disse...

não esqueça do efeito borboleta!

Uvirgilio disse...

é mesmo como é engraçado esse mundo, eu mesmo tenho uma amiga que falou que nunca iria casar, hoje se encontra casada. Que bom que nós mudamos. Quem não se acha melhor hoje?
www.uvirgilio.blogspot.com

Corona - disse...

ralmente. muito bons os textos!