Uma das grandes verdades do universo como o conhecemos é que o tempo passa. Outra, é que o mundo gira. Física ou literariamente falando, as implicações e conseqüências de cada um desses conceitos, isoladamente, já são suficientes para sustentar uma infinidade de teses e concepções sobre a realidade.
Quando unidos então, quem pode sequer imaginar quais, dentre as infinitas variáveis daí surgidas, será aquela que efetivamente ditará o destino de um ser humano? Em um dado momento, lá estava eu, uns nove ou dez anos de idade, deitando ao solo num acesso de fúria o colega de classe atrevido que me impedia com suas micagens a visão dos “problemas” de matemática deixados no quadro pela professora que momentaneamente se ausentara.
Mas eis que o tempo passa e, numa girada de mundo, o mesmo menino que outrora lançara mão da violência para resolver seus “problemas”, torna-se um adolescente pacífico, quase búdico em sua firme resolução de evitar conflitos físicos. Mesmo que toda a matemática do mundo se exploda. Alguma moral cristã negligentemente inculcada em um jovem e indefeso subconsciente durante as aulas de catequese nas masmorras da paróquia local; além de posteriores entreveros a imprimir diversas solas de Nikes e Adidas tanto em minha blusa, quanto em minha alma; encarregaram-se de operar tão drástica transformação de caráter.
Outros efeitos são mais prosaicos, caso se admitam variações quanto ao grau de importância das coisas em um mundo onde tudo é carbono e vácuo. Àquele que ontem era ridicularizado por comer em dois pratos – a carne separada dos demais alimentos – bastou um deslocamento de alguns quilômetros para o norte para encontrar-se em uma localidade onde o cúmulo da chiqueza reside neste singelo comportamento há tanto tempo cultivado.
Mas como seria impossível sentir as alterações sem a existência das permanências, alguns olhares de reprovação certamente poderão ser percebidos quando de sua ida até a mesa vizinha em busca das batatas fritas remanescentes da refeição de um outro cliente.
Nada que algumas notas de dinheiro legítimo, um certificado de boa índole reconhecido pelo MEC e/ou uma carteirinha de perturbado com as mensalidades em dia não possam resolver satisfatoriamente.
Distrações, enquanto não nos damos conta de que o que o futuro nos reserva é nosso próprio passado.
Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves
13 comentários:
essa foi massa...blog da hora...
vlw!!
Muito bom o seu relato. A vida das voltas mesmo. Uma hora estamos por baixo, outras por cima.
Abraço
mtos mudam da infancia para a adolescencia com outra personalidade mesmo...como vc disse, do violento para o pacifico,
vc escreve bem parabens
obrigado pela visita,volte sempre!
tenha uma linda pascoa!
Pois é, assim como a lógica de que o mundo gira, as pessoas mudam, e muuuuuito!!
Tenho provas disso na minha realidade!
com essa carteirinha paga meia no cinema????
Forte, autêntico. Muito bom de ler!
Realmente o mundo dá muitas voltas e não é diferente p/ ninguém, queles que estão por cima, uma hora estão por baixo!
Beijinhos de Rozangela Melo
Se quiser retribuir a visita, fique àvontade!!!
Fazemos cinema amador
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Se o mundo dá voltas rápidas, imagine as comunidades de divulgação de blogs! rs
Como diria o CPM22, o mundo dá voltas...
não esqueça do efeito borboleta!
é mesmo como é engraçado esse mundo, eu mesmo tenho uma amiga que falou que nunca iria casar, hoje se encontra casada. Que bom que nós mudamos. Quem não se acha melhor hoje?
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ralmente. muito bons os textos!
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