É a velha história do limite entre dom e maldição, exaustivamente explorada em lendas como a do toque de Midas – atualmente análoga a algum tipo de toque midiático – ou também, ainda que indiretamente, nas baianices acaetanadas sobre a dor e a delícia de ser o que se é.
A ascensão da China a superpotência, assim sendo, longe de estancar-se em sua dimensão econômica, adquire contornos épicos, icástico-arquetípicos e até mesmo místico-proféticos em sua dupla caracterização: enquanto vendeta, qual lorde a cobrar sua dívida de sangue, e enquanto mais um lance da encarniçada disputa entre Oriente e Ocidente da qual a guerra de Tróia é, segundo especialistas, uma espécie de ponto de partida.
Trivialidades como a reconhecida superabundância de drogas dentro do território norte-americano ganham uma nova dimensão se considerarmos que quem domina o comércio mundial de entorpecentes são as tríades e tongs sediadas no império central. As próprias origens destas organizações não excluem a condição de que sejam, hoje em dia, quem dita as regras dentro do país. Somada às conseqüências da guerra dos boxers, e à suposta capacidade chinesa de transformar dor e humilhação em proporcionais resistência e vingança, temos então um inegável quadro de premeditada derrocada de um império.
Mesmo o parentesco étnico-lingüístico entre asiáticos e ameríndios poderia servir como justificativa para que sua ira se estendesse por sobre os algozes de seus “primos” para além da América anglo-saxônica. O que pode parecer exagero se aplicado a outras culturas, reveste-se de verossimilhança quando trata-se de uma civilização reconhecida pela preservação de suas tradições milenares, dentre as quais incluem-se – segundo podemos facilmente inferir – as técnicas de metempsicose descritas na obra As aventuras de Tibicuera.
Num processo de tal modo arriscado a ponto de governos estrangeiros utilizarem-se do controle da mente de mosquitos da dengue para faze-lo calar, é de se considerar o que pode fazer aquele que, para além do óbvio, enxerga em cada meandro da realidade sinais que revelam os padrões pelos quais opera a vontade universal.
Numa época boa, em que tudo lhe pareça alegre, talvez rir, reverberando de alguma forma em celebração ao absurdo do cotidiano invisível que nos estrangula passo a passo. Numa época ruim, legar ao mundo maldições apócrifas, na esperança de que sua concretização culmine em algum tipo de liberdade, redenção ou cândido esquecimento.
Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves
8 comentários:
o q eu mais gostei foi comparar midas e mídia.
Ainda q eu prefira o Ouro.
Talvez seja classicismo! hahahaha
o tao do paulão e seus textos midasiáticos.
foda!!!
hahahaha
imagino você levantando e discursando isso numa "discussão em sala de aula" e as pessoas depois....é....realmente....
vc vai dominar o mundo abondana pg...
ah mas tem gente q pensa q pg é o mundo!!!
deu vontade de reler "O Crepúsculo dos Ídolos".
cara, tu fizeste filosofia. ou leste. ou escreveste.
É isso aí: o "limite entre dom e maldição", caminhando na corda bamba...
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