domingo, 2 de março de 2008

A culpa do frango

O frango nasceu e cresceu normalmente, em uma pequena granja do interior do estado, onde teve uma infância e adolescência comum e tranqüila, sempre rodeado pelos seus.

Quando atingiu a idade correta, de bom grado aceitou cumprir seu papel naquilo que imaginava ser sua natural contribuição para com a manutenção das engrenagens que sustentam uma sociedade humana justa e igualitária.

Talvez ele tenha sido desde sempre um “sangue ruim”, portador de problema congênito indetectado. Ou talvez o rápido esquartejamento a que tantos se submetem sem mais, o tenha despertado para o desejo de vingança, amadurecido após longo tempo em uma vitrine climatizada, exposto aos olhares de tal sociedade, que apesar do alardeado consumismo, o rejeitava.

De concreto, quatro cuecas e uma calça de moletom jazendo de molho em baldes e tanques, vítimas de uma fúria oriunda das próprias entranhas do universo, além de dois heróicos rolos de papel higiênico, que sem pestanejar doaram suas existências quando acionados na tentativa de conter a tragédia.


Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves



Um comentário:

Letitia Morgan disse...

As crises intestinais são cíclicas. Normalmente há sempre um bovino louco, um galináceo constipado ou um suíno voador, que lhes dão consistência. Bjs.