quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Como eu amo você

Amo você como quem ama um carro.
Como quem ama fumar um cigarro.
Amo você por amor ao prazer.

Amo o prazer de andar de braço dado,
de ser somente eu a caminhar ao seu lado
e a inveja que causa esse nosso caminhar.

Amo sobretudo a calma e a certeza
de saber a quem pertencem
você e sua beleza,
amo a luxúria que existe em amar.

Amo o amor como aquele que amaria
a mais linda beldade
a quem aprouvesse um dia
tomar a liberdade de apenas deixar-se amar.

Amo você algo que casualmente,
por ter nos posto a vida
lado a lado simplesmente
tendo-me então imperado:
- Tu! Põe-te a amar!

Amo você como quem ama bocas
que por não ser nenhuma,
torna-se então em todas
Pois o que amo é o êxtase
que qualquer das bocas dá.

Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Masculinidade

"Esse aqui, com cheiro de homem."

Descrição usual ao apresentar o próprio quarto, retângulo cúbico lotado de tênis e sapatos, cuecas, moletons, bermudas e camisetas suadas.

Especial desafeto era dedicado àqueles que, em nome da própria macheza, alegavam alergia a todo tipo de contato masculino, recusando-se a dormir em qualquer aposento que não o próprio.



Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

Link para a postagem original. Retardado. Mesmo.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Vestido para matar

Foi amassado, beijado, lambido, chupado e gozado. O silicone, vestido de mulher.



Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves



Link pra postagem original, não precisa ser um gênio pra entender, né jacuzada?

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Alerta!


O cachorro que teimava em pular o muro de casa para tentar embuchar minhas cadelas no cio lá em Ponta Grossa também existe em Arapoti.


Pode ser coisa de ficção cientifica ou apenas coincidência, mas o bicho passou por mim dia desses, me olhou nos olhos e tomou aquela postura canina de quem espera um chute, uma pedrada ou um duelo; pescoço virado, rabo teso e pernas prontas a explodir num frenesi de movimento.


Se ele dissesse: - Geraaaaaaaldo; eu provavelmente ficasse bem de cara, muito embora minha sopesada postura blasè evidentemente me impedisse de externar a algum transeunte fortuito ou curioso a surpresa que ia por minh’alma.


De fato, pequenos e eventuais contatos com o além mutcho-lôco não são exatamente uma novidade em minha jovem existência. Lembro muito bem da noite em que, após secar um galão de Cascola no meio do mato, ao nos darmos conta de que todos os três presentes eram do pródigo ano de 1978, três alvissareiros cavalos brancos surgiram, obrigando-nos a polidamente recusar seu convite à montaria por medo de abdução extra-dimensional ou ruptura pescocional, o que, no fim das contas, provavelmente daria no mesmo, ao menos aos olhos de todo o universo dos não presentes no local naquele exato momento.


Cada um com suas habilidades, karmas ou dons. Tenho um amigo que criou fama na relativamente obscura arte de pisar em bosta. Seus prodígios na área correram o mundo e em outra oportunidade terei muito prazer em relatá-los caso haja interesse do público. Outro, sabe-se lá por qual acaso do destino, é um verdadeiro imã para bêbados, vagabundos e desdentados em geral, venham estes para colorir ou acinzentar nossos dias.


Tal traço em muito se assemelha à minha notória afinidade com qualquer enxergador de visagens, esquisitofrênico ou epilético que porventura esteja nas redondezas. Vários dentre tais personagens, seja reconhecendo pelo cheiro ou pela essência, acabam por encontrar-me e tornarem-se meus amigos ou admiradores, no mais das vezes em virtude dos textos ou causos com que lhes brindo, pessoalmente ou via internet.


Você, que tem por hábito recorrer a meus escritos a fim de obter instrução ou entretenimento, procure já o vidente, pajé ou neurologista de sua confiança, devidamente munido de seu eletro-cárdio-encefalograma ou mapa astral magnético, pois o diagnóstico precoce contribui para a cura definitiva.


Caso a patologia se encontre em estado avançado e intervenências de espectros de animais falantes sejam uma constante, suspenda imediatamente o uso de solventes e benflogináceos, sob pena de o quadro tornar-se irreversível.


Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

sábado, 5 de setembro de 2009

Na velocidade da combustão eterna auto-movida em três tempos

Passado:

Após tanto tempo acreditando que não; nada; nunca; ninguém; jamais doeria, deu-se conta do profundo amortecimento em que se encontrava.


E decidiu abdicar por completo da sedução oriunda do horror, cessando de uma vez por todas seus flertes com a escuridão antes de seu lascivo chafurdar em podridão e decadência tornar-se em condição definitiva.



Presente:

Negando-se mutuamente, Plutarco e Mani abraçados afogam-se e são sepultados nas areias do deserto das eternas contradições.



Futuro:

É seu eu exilado que hoje se acerca de sua porta,

gordo como nunca;

cruel como nunca;

forte como nunca;

vingativo como nunca;

implacável em sua disposição em arrombá-la.


Na iminência do fim, o refúgio no único laivo de orgulho que perpassa mente e espírito:

- Meus vinte e sete mil setecentos e doze ainda intocados...



Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Imperdoável


Meu desprezo pela vida
é meu desprezo por mim mesmo.

Qual Billy Cadela Lôca
ando armado e atiro a esmo.

Ontem mesmo acertei
– de frente –
um filho da puta.

E sorri ao ver seus dentes
atravessarem a nuca.

Meu desprezo pela norma
é meu desprezo por você.

Inquirir-me sobre a forma
é pedir pra se foder.

Ontem mesmo arregacei
– a mente –
de um fiadaputa.

Que chorou ao descobrir
que as obras lhe vêm da bunda.


Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Olhos de retina, deuses de cristal


Só mais um nome, sonoro e bonito

quem sabe sabe, penso e me visto,

e espetos e agulhas de gente insensível

que não liga pra você,

nem vodu,

nem cinderelas,

nem nada

ou ninguém.



Mas unhas têm dedos e dedos tem dentes

que limpam o rabo e mordem o cu.

E o que nada é peixe

e peixe com dedo

bate o cachimbo,

pequenino,

cachimbo de Belém.


Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves