As vezes nós somos gatos
e a vida uma geladeira velha
que usamos como poleiro
ignorantes de sua verdadeira função
e da porta que se fecha
e nos mumifica hermeticamente
pela eternidade de inúmeras eras.
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Tsavo Misandril era um menino consciente, conforme pude comprovar na primavera de 1984, ao encontrá-lo brincando no lixão que até então julgara de minha exclusiva propriedade lúdica.
Tsavo Misandril era um menino consciente, conforme pude comprovar na primavera de 1984, ao encontrá-lo brincando no lixão que até então julgara de minha exclusiva propriedade lúdica.
- Aqui – disse-mo sem mais
delongas – me ajude com isso. Arrancando a porta da geladeira velha.
- Para
que nenhuma criança pequena corra o risco de ficar presa até o sufocamento –
teve a gratidão de contar-mo em pagamento.
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Tsavo
Misandril era eu, ou ao menos algum de meus alter-egos fantasiosamente
inexistentes, e como tal nunca fechou as devidas portas, deixando livres em seu
curso as geladeiras, arapucas donde encontraram fim nebuloso talvez uns sete
gatinhos.
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Tsavo
Misandril era você, mergulhado firmemente na pequenez do dejeto humano, a
descobrir novas formas de cruel diversão, arrependimento e repulsa.
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